quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Dinâmica Geométrica

Suas curvas limitam o infinito. Gira, roda e circula livremente por quadrados maciços e vazios. Quadrados que andam, rastejam e labutam. Resmungam ao ver aquela fluida forma circular a rodear-lhes. Como ousa? Como ousa não ser como nós? Somos quadrados, devemos ser quadrados! Por que esse herege quer ostentar curvas quando devemos nos constituir na perpendicularidade de nossas linhas?
Ah, que insistência. Que insistência daquele pequenino círculo em ser o que a geometria concebera. É claro, sabe o que vai enfrentar por sua ousadia, conforme diziam. Mas, ainda sim, rodopia, alegre, dono de si, porque sabe também que aquela postura não envolve apenas a si próprio, como também a muitos outros que diferem da forma padrão. 
É, talvez o círculo tenha razão, não é mesmo? Talvez, essa ditadura dos quadrados seja mais do que um desejo de uniformidade pessoal.Talvez aqueles vazios quadrados sejam carcaças de círculos, deformadas e abandonadas pelo mesmo rancor de não ter sido o que realmente desejavam ser.