quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Água com cloro. Protetor solar. Livro novo. Fecho os olhos e me concentro nos cheiros que mais gosto. Não posso abrir os olhos, porque senão ela estará lá me esperando. Não posso abrir os olhos. Chocolate. Natureza. Perfume frutado. Ela me conhece melhor do que qualquer outra pessoa. Ela sabe meu nome, meu verdadeiro nome. Ela me chama, me oferece uma lâmina, diz-me que tudo vai ficar bem. Sei que é mentira, que ela me oferece uma falsa liberdade e que nada vai ficar bem, mas quero acreditar nela. Quero pegar a lâmina. Café. Brisa marítima. Cada vez fica mais difícil pensar nos cheiros que gosto, a lista está acabando. O único fino elo que eu ainda tenho estou prestes a quebrar e a dor será insuportável. Se eu não pegar a lâmina, a dor pegará por mim. Então eu abro os olhos e pego a lâmina. E decido definitivamente que não gosto do cheiro de sangue.

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